Thursday, July 09, 2009

A REESTRUTURAÇÃO DA GNR E A FRONTEIRA MARÍTIMA




Sou Guarda de Infantaria e, portanto, de acordo com a alta classe, quase divina porque não se lhe conhecem erros, que manda em nós, não penso: obedeço e executo, apenas - como se quer do bom soldado de infantaria.
Pois é... mas o raio da Democracia Civil (esse "sapo" que o colégio de nobres militares que nos dirigem vão sendo obrigados a engolir) contamina. Por isso "desobedeço" e penso. Pouco, mas penso.
E penso que a REESTRUTURAÇÃO da GNR foi, em vernáculo "casernil", uma VERDADEIRA BADALHOQUICE! Tiveram cerca de três anos para preparar a mudança mas tudo foi feito "em cima do joelho", como sempre acontece nesta briosa Guarda e país.
Há coisas "hilariantes", coisas "anedóticas", que se não fossem de tão graves para a nossa segurança, e da Comunidade Europeia, dariam para rebentarmos de riso:
31 de Dezembro de 2008. Estou colocado no Destacamento Fiscal X, que tem por especial missão vigiar cerca de 120 quilómetros da uma nossa zona costeira. Estão nomeadas três patrulhas auto para efectuar a vigilância desde o anoitecer de 31 até à madrugada de 01 de Janeiro 2009.
Nesse dia, o comandante do Destacamento, sr. capitão "ABELHA", como é conhecido, ordenou:
"A Brigada Fiscal acaba às 24h00 e, portanto, a partir dessa hora acabam os patrulhamentos! Quem estiver no terreno, regressa. Quem estiver para sair, permanece no quartel!"
"E quem vigia a costa?", ainda ousou perguntar o sargento, meu comandante directo.
"Ó caralho, isso não interessa! Acabou, acabou, foda-se!" retorquiu o nosso brioso capitão, que gosta de empregar palavrões, certamente fazendo um esforço para tentar colocar-se ao nível da linguagem dos que pensa serem seus inferiores.
Bom, e assim continuamos por mais uns 7 ou 8 dias: dentro do quartel. Como a unidade que nos iria substituir, a Unidade de Controlo Costeiro, ainda não estava formada, como devia ( tanto mais que grande parte do nosso efectivo a iria integrar) está-se mesmo a ver que ninguém vigiava a nossa fronteira marítima nesses 120 quilómetros ( não sei se houve situações idênticas noutros locais do país).
Acontece que, certamente por "pura casualidade", na nossa área, num desses primeiros dias de Janeiro deu à costa um grande fardo de haxixe, tendo sido recolhido por um dos postos territoriais da nossa área, com honras de foto e reportagem em vários jornais.
E como hoje em dia o que conta é a imagem, mais que a competência e a responsabilidade, logo o brioso capitão que nos tinha ordenado ficarmos dentro do quartel durante uma semana, veio a correr dizer para iniciarmos de novo o patrulhamento à costa, mesmo antes da UCC estar operacional.
Mas o que é uma verdade, e vergonhosa, é que 120 quilómetros de costa estiveram desguarnecidos de vigilância durante uma semana, ficando os militares que o contribuinte paga para fazer esse serviço " a contar carneiros" dentro do quartel.
Certamente, por este exemplar comportamento, o capitão "ABELHA" foi ocupar lugar de destaque na recem criada UAF* de Lisboa,

* Ou Unidade de AFilhados como já é conhecida, pois todo o seu efectivo foi composto através de escolha. Os critérios é que nunca ninguém os soube... E que se use o critério de escolha para um ou outro lugar específico, ainda é aceitável, agora para uma UNIDADE NACIONAL INTEIRA!!!...( Foi por isso que os presuntos "pata negra" e outros esgotaram no NATAL passado).

Disse.



1 comment:

Anonymous said...

Muito, muito bom...