Tuesday, April 11, 2006

Ser ou não Ser Soldado de Infantaria



Eu sou soldado e pertenço à arma de Infantaria. É assim que assino as coisas policiais: "fulano tal e tal, soldado de infantaria Nº..." Esta minha pertença à arma de Infantaria foi uma dávida já tardia e devo agradecê-la à GNR. Obrigado GNR!
Eu, para falar verdade, nunca tive preparação militar substancial para ter a responsabilidade de pertencer à Infantaria. Se rebentasse uma guerra pouco mais saberia que um paisano sobre as técnicas e tácticas de combate de um "infante".
Na tropa, a minha especialidade era condutor e fui formado num regimento de artilharia. Ao fim e ao cabo, a minha função era conduzir jipes e camionetas e, por vezes, um camião que rebocava um obus de 14.

Na Extinta, era soldado da Guarda Fiscal. Não era de Infantaria, nem de Cavalaria. A coisa fazia mais sentido, penso.
Um guarda da GNR, deveria ser um guarda da GNR. Chamassem-lhe: guarda de polícia, guarda de trânsito, guarda fiscal, guarda de investigação criminal, guarda de ordem pública, etc. Agora ser de infantaria e da cavalaria não faz qualquer sentido, penso. É "querer meter o Rossio na Betesga".

A GNR teve uma origem militar numa altura em que o exército assegurava a ordem pública ( mal e porcamente) e quando ninguém tinha direitos. A Coisa, felizmente, evoluiu. A coisa foi a sociedade civil.
Mas a tropa quer continuar a ter influência, e acima de tudo postos de chefia para os seus oficiais. Com o fim do Serviço Militar Obrigatório a tropa vê reduzidos os seus quadros. A PSP, finalmente, conseguiu correu com eles e com as suas prepotências castrenses e incompetências ao nível policial. Restou-lhes a GNR. Daí, e contra-corrente, a crescente militarização da GNR. Porque a GNR deve ter um efectivo que não anda longe do efectivo das forças armadas e, como tal, importa que os senhores oficiais do exército possam ocupar cargos na Guarda, embora não percebam patavina sobre a exigente função policial num estado de direito democrático.

Importa, pois, haver denominadores comuns que encubram a passagem, aberrante, do exército para uma força de segurança.. Um deles é o estatuto de "militares", que tem dado discussões infindas. Parece, agora, ser consensual que os militares da GNR são militares, mas diferentes dos militares, pois têm funções diferentes dos militares. Que é, parece claro, serem de facto polícias.
Outro denominador é o serem de infantaria e de cavalaria. Os guardas estudam o código penal, o código de trânsito, levantam autos de notícia, perseguem os maleantes, dão informação à população. Mas o que revela é que são de INFANTARIA e de CAVALARIA. E são de cavalaria e de infantaria, não porque isso tenha alguma coisa a ver com a sua formação e com o serviço que executam toda a vida, mas porque assim interessa, neste país de interesses e quintais, aos senhores oficiais do exército.
Veja-se. Até há pouco tempo a GNR era comundada por um General. Agora cada Brigada (e são seis) tem um general como comandante.

Bom. Eu não me importo nada de ser soldado de infantaria, desde que não seja chamado para a guerra.

5 comments:

Anonymous said...

O 25 de Abril foi há 32 anos!!!! mas o modelo policial actual é exactamente igual ao do Estado Novo!!!! Tal e qual!!!!! Havia Polícia Urbana (PSP); Guarda Rural (GNR) militarizada (guarda pretoriana do regime); policia judiciária (PJ); guarda fiscal (GF); guarda florestal e etc. Pois hoje, temos mais ou menos a mesma coisa. A GNR mantem-se militar (cada vez mais militarista) e um numero infindável de polícias. Não faz qualquer sentido, até porque a esmagadora maioria dos países da UE têm apenas uma polícia. Recentemente mais 3 países fizeram uma grande reforma no sistema de segurança interna (Belgica; Austria e Grécia), tendo unido todas as polícias numa só. Nós que temos apenas 10 milhões de cidadãos e uma área territorial diminuta, temos 3 polícias criminais. Quer isto dizer, que em cada capital de destrito temos 3 comandantes; 3 segundos comandantes; 3 edificios; 3 contas de água; 3 contas de gás; 3 contas de electricidade; 3 cantinas; 3 postos medicos; 3 caros de comandante; 3 motoristas de comandante; 3 carros de 2º. comandante; 3 motoristas de 2º. comandante; etc. Já me esquecia do SEF!!!!!!!!!!!! tantos polícias meu DEUS!!!! mas quando se necessita de um, NADa, NÃO HÁ!!!!!!! estão todos ocupados a servir os comandantes e afins. Aí os meus impostos!!!! tão mal gastos. Mais uma: A Austria tem +/- o mesmo nº. de habitantes que Portugal, mas só tem 21 (vinte e um) mil polícias!!!!!!!!!! + 3 (três) mil funcionários civis (que ganham bem menos que os polícias) a ajudálos nas tarefas borocraticas. PORTUGAL TEM 26 MIL GNR; 21 MIL PSP; MIL E TAL PJ; 600 OU 700 SEF; +/- 800 POLICIAS MARITIMOS - E HÁ AINDA A GUARDA PRISIONAL. QUANTOS DÁ? CERCA DE 50 MIL!!!!!!!!!!!!!! QUASE 3 VEZES MAIS QUE A AUSTRIA!!!!!!!!!!

Anonymous said...

Efectivamente continuamos a viver numa época feudal em pleno século XXI. Mas é assim mesmo, e dificilmente as coisas vão mudar, imagine-se que no Grupo da GNR de Sintra, onde os Postos por vezes nem uma viatura têm para ir às ocorrências, foi para lá um senhor Major que já arranjou uma viatura para "ele" com condutor, apenas para o ir buscar à estação da CP que dista cerca de 800 metros do Quartel, enquanto a restante plebe vai a pé. Esse senhor major alcunhado de Besta, tem feito as maiores arbitariedades no comando do grupo, com a conivência do Comandante do mesmo.
É o estado do País de facto, na vida civil os ricos cada vez mais ricos, na vida militar, os soldados cada vez mais humilhados, enfim, é só um desabafo duma pobre praça.

Anonymous said...

Viva Camaradas, desta vez venho aqui para vos dar uma boa noticia. O Sr. Major Besta do Grupo de Sintra teve a feliz ideia de aceitar o convite para uma comissão em Timor, será desta que as pobres praças que ali prestam serviço se vão ver livres de tão arrogante criatura? Esperamos que sim, e já agora Sr. Major Besta,leve também o Sr, CMDT de Grupo consigo, por favor, para assim o Grupo poder de novo voltar a funcionar, sem burocracias parvas e sem as humilhações destes pobres praças. De verdade, se forem os dois ofereço-me voluntáriamente para vos levar ao aeroporto Figo Maduro, acompanhado de uma TP 21 com o efectivo do Grupo, para vos desejar uma feliz comissão, e assim puderem ambos servir o País (e encherem a carteira); embora todos saibamos que, para servir o País da melhor maneira basta estarem longe de Sintra.
Um abraço fortes Camaradas, apenas uma questão fica no ar (até parece o caso Simão Sabrosa) Será que só vai um????

Anonymous said...

Camaradas,
O Camarada Chico Zé é fixe.
Está é apanhado pelo "outro".
Calma, que melhores dias virão.

Anonymous said...

Desabafo de um guarda
"Os novos muros de Berlim"

http://pormaioriaderazao.blogspot.com/2010/06/desabafo-de-um-guarda.html