Friday, April 21, 2006

Tiro de morte: legalizar ou não, eis a questão?




Muito se tem falado sobre o uso de armas de fogo por parte dos agentes policiais. Ultimamente, parece que foram tomadas medidas para “facilitar” o uso deste meio por parte das polícias, visto que por legislação anterior ele estava bastante condicionado.
A legislação foi aplaudida por todos e deveu-se, em parte, a um crescente número de polícias mortos.
Eu não concordo com essa “liberalização” do tiro. Penso que a legislação anterior era um sinal de que as polícias não podem disparar por “dá cá aquela palha”. Era por as polícias portuguesas matarem de mais, herança do Estado Novo, penso, que essas restrições tiveram de ser impostas e bem.
Como não há pena de morte no país e na Europa, ninguém tem legitimidade para matar, salvo em casos extremos para salvar a sua vida ou a de outrem.
Eu conheço um caso de um cidadão que foi morto por um agente de uma força de segurança de um modo estúpido e sem razão para tal. Foi apenas transferido. E quantos não houve assim?
O que me parece que esteve na causa da generalidade dos camaradas que morreram ultimamente não foi o não poderem disparar, mas estarem numa situação de desvantagem tal, que se viram impedidos de usarem com eficácia a arma de fogo. Isso deveu-se, como os comandos reconheceram, a um policiamento feito sem os devidos meios materiais e humanos bem como a ausência de treino específico dos agentes para actuarem nesses locais. Houve também o caso da pistola que encravou…
O treino de tiro policial e as carreiras de tiro do exército
Tenho a minha pistola distribuída há cerca de cinco anos. É uma “boneca” com perto de 40 anos, penso, e não sei se dispara. Não é que eu, de quando em vez, não vá da tiro. Só que dou tiro com tudo e mais alguma coisa desde G3 às “pardaleiras” da EPG, menos com a arma que tenho distribuída.

As armas vão de uma qualquer arrecadação e são as mesmas para todos. Que sentido é que isto faz?!!! A instrução de tiro não será o momento ideal para lidarmos com a arma que temos distribuída. Vermos se funciona, se não encrava, se a mira está correcta…
Bom eu pouco percebo de métodos de treino de tiro policial, mas sei que aquilo que tenho feito na GNR é o que já fazia no exército há vinte e tal anos. Isto é: fazer pontaria a um alvo fixo. Eu penso que este tipo de tiro é mais dado à perícia do atirador numa competição de tiro desportivo, do que numa intervenção de risco numa situação real.
Que semelhança haverá entre o alvo de papel, imóvel, hirto, da carreira de tiro do Regimento da Serra da Carregueira e um homicida ou louco que dispara indiscriminadamente no meio de uma rua movimentada? Pouca, certamente.
Os comandos policiais sabem isso, por isso os polícias dos corpos especiais (GOE, R. Infantaria, Corpo de Intervenção) treinam o tiro de maneira diferente, de um modo próximo das situações de intervenção na “rua”. É por isso que os polícias desses corpos, apesar de intervenções difíceis, raramente são atingidos e os polícias de rua continuam a “cair como tordos” todos os dias
E não é por se liberalizar o tiro que vão cair menos, vai é morrer mais gente inocente.
As polícias de rua (não só os corpos especiais) precisam de formação de qualidade para uso das armas de fogo de maneira correcta, de forma a neutralizar e não a matar. É a falta de formação adequada dos polícias no uso das armas que os leva, muitas das vezes, a matar em vez de neutralizar o agressor.
E não é a disparar contra o velho alvo da Serra da Carregueira com as G3 ou as pistolas do quarteleiro que se irá inverter a situação.
Porque continua a GNR a dar tiro à, e no Exército? Há quem diga que a tropa aluga as carreiras de tiro à Guarda e que há interesses económicos por detrás. Não sei…

As “pardaleiras” da EPG
Talvez para evitar despesas, a Escola construiu uma “carreira de tiro”. Dizem os entendidos que as policias modernas usam este tipo de carreiras, onde há simuladores, se faz tiro sob alvo em movimento, etc. etc
O que eu conheço da carreira de tiro da Escola, é um pavilhão coberto onde vamos dar tiro (e perder tempo) com umas “pardaleiras” - espingardas a pressão de ar com um pequeno chumbo que os rapazes no meu tempo de moço usavam para atirar aos pardais.
Vai um jipe “carregado” de guardas sonegados ao serviço, a gastar gasóleo, para mandarmos meia dúzia de chumbos num papel minúsculo que serve de alvo.
Alguém deve ter interesse que isto se mantenha, naturalmente os vários elementos que prestam serviço em tão proveitosa carreira de tiro.
Mas é por esta e por outras que se está a liberalizar o tiro de morte e, possivelmente, a matar pessoas.




6 comments:

Anonymous said...

Vi este blog no arremaxo.
arremaxo.blogspot.com

Anonymous said...

Soldados consultem o blog : aspigcentro.blogspot.com

Anonymous said...

Bem..parece que o administrador deste blogue morreu!!! tudo parado...A morte seria na carreira de tiro?

(bb)

Anonymous said...

caro amigo deve estar enganado nao so se da tiro com armas de p22 a gaz ou "pardaleiras", mas tambem com outra qualquer arma excepto G3 se nao sabe informe-se ou peça ao cmd da EPG para efectuar tiro

Anonymous said...

Pá....este blogue, não tem administrador????

Anonymous said...

Ao comentador anónimo "entendido" da carreira de tiro da EPG. você, ou é um dos que "estão no bem bom" a contar os tais chumbos das pardaleiras(quando os há) ou é oficial. Desde quando um simples praça pede ao comandante da EPG para ir dar tiro? Eu e os outros todos fazemos os que os inteligentes senhores oficiais nos mandam, mais nada. mas nós sabemos que para certos senhores a Guarda ainda é uma "Quinta". Vão dar tiro com os familiares, passear a cavalo, com os familiares, condutores para ir buscar os filhos ao colégio, empregos para os filhos entre os civis da guarda, etc...
Se lá se dá tiro de G3 ou de canhão eu não sei. Eu não gosto de andar aos tiros ( nós sabemos que essas carreiras são para uns certos senhores passarem a vida a treinar para competições de tiro, não para praticar tiro policial (que até há bem pouco tempo era coisa que naem existia na Guarda.
Não sei se deram ouvidos ao soldado de infantaria, mas o que é certo, é que há muito que não vou lá disparar os tais chumbos de pardaleira.
E confirmo o que o autor do artigo diz. Fui mandado ir dar tiro à EPG, sete ou oito vezes e foi semre com as ditas pardaleiras. Aquilo realmente não tem jeito nenhum.
tenho uma arma distribuida há cerca de 10 anos e nunca dei tiro com ela. Não sei se dispara ou não. Quando vou treinar tiro é sempre com as armas que o "quarteleiro" leva. As que estão sempre fechadas, compreenda-se, não as que andam na rua.

bandarra